Para muitas pessoas (médicos e outros profissionais de saúde, pesquisadores, escritores de artigos científicos etc.), publicações científicas importantes e de alto impacto são aquelas publicadas no idioma inglês, com corpo editorial estrangeiro, que o Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) classifica como A. De maneira quase unânime, esses periódicos científicos estão fora do Brasil.
Ficamos assim, subjugados às empresas responsáveis por essas revistas científicas (acreditem que são verdadeiras empresas comerciais que defendem os seus produtos e os seus negócios, com robusto conflito de interesses).
Nada contra, se entendermos que produção e divulgação de conhecimentos de alto nível e bom desdobramento para a humanidade podem ser efetuadas em qualquer idioma, em qualquer país e em múltiplas plataformas.
Nesse sentido, fico orgulhoso dos seres humanos que mantêm (e até recuperam) obras raras, como os gestores da Bibliotheca Alexandrina (antiga Biblioteca de Alexandria), no Egito, da Biblioteca de Bethesda, nos Estados Unidos, e da Biblioteca da Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil.
Perdão por não citar dezenas de outras bibliotecas espalhadas pelo mundo (Bolonha, Londres, Paris, Verona - esta contém um original do livro de Girolamo Fracastoro:
Entretanto, na contramão daqueles que pensam que só o mundo digital merece total apoio e reconhecimento, registramos a inauguração recente da Biblioteca Binhai, na cidade de Tianjin, na China, com mais de 1,2 milhão de livros impressos, em uma área de mais de 34 mil metros quadrados, que é de tirar o fôlego. E um bom motivo para reflexão sobre a importância dos acervos bibliográficos.
E por que eu citei a Biblioteca da Maternidade-Escola da UFRJ?
Porque nesse órgão público federal, com parcos recursos materiais e financeiros, mantém-se disponível toda a coleção do
Esse periódico nasceu
No editorial do primeiro número, fica claro que o referido periódico científico nasceu como órgão oficial “do ensino da clinica gynecologica da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro e da Faculdade Fluminense de Medicina, cujas cathedras são ambas ocupadas pelo Director Fundador”. Ainda fica patente que “vae se ocupar não só da gynecologia, como também da obstetrícia” e “terá acolhida em suas folhas tudo o que se relacione com qualquer problema mesmo extragenital da pathologia feminina, quer no campo endócrino-metabolico, quer no campo psycologico, psychiatrico, biológico, genético e eugênico” (
No primeiro trabalho original publicado, o professor Arnaldo de Moraes brindou-nos com um excelente texto: “Sobre o tratamento cirurgico do prolapso genital” (
No segundo ano de vida dos
Em janeiro de 1940, provavelmente atendendo às normas ortográficas, o periódico passou a se chamar
Na evolução dessa publicação científica, encontramos a publicação de janeiro de 1970 (ano XXXV, v. 69, n. 1), agora com a denominação de
Porém, em 1999 (v. 109, n. 1/4, jan./abr.), o
Nesse fascículo, encontramos impresso que o
Anos passaram-se até que o nobre colega André Luiz Arnaud Fonseca adquiriu da Cidade - Editora Científica Ltda os direitos sobre o
Em conversas na Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de Rio de Janeiro (SGORJ), com a nossa presidência e vice-presidência, conseguimos que o querido colega cedesse o
Daqui para a frente, queremos resgatar a importância desse veículo de disseminação do conhecimento científico na área da ginecologia e da obstetrícia e tudo o que se correlaciona a essa especialidade médica. Começamos com a digitalização do número de nascimento - anno I, v. I, n. 1, jan. 1936, que já se encontra disponível gratuitamente no portal da SGORJ. Aos poucos serão digitalizados os outros números, até termos toda a coleção disponível. Aproveitamos para confirmar que o
A memória dos grandes mestres de ginecologia e obstetrícia, verdadeiros fundadores do ensino de ginecologia e obstetrícia no Brasil e das primeiras sociedades médicas de ambas as especialidades, merece destaque especial e deve ficar no entendimento de todos os que atuam na área. Tivemos médicos, professores, escritores, pessoas que atuavam e pensavam à frente de seu tempo como, Arnaldo de Moraes, Francisco Victor Rodrigues, Mario Pardal, Fernando Magalhães, Jorge de Rezende e tantos outros colegas que devemos reverenciar. Além disso, e sobretudo, ter gratidão com os humanos que nos antecederam e fizeram a base de nosso ensino, pesquisa e extensão. E mais, ter gratidão com os colegas que ombro a ombro se despem das vaidades, dos interesses mesquinhos e compartilham os seus conhecimentos, tempo ao convívio em sociedade em prol de toda a comunidade, seja acadêmica, seja geral.
A vida é um eterno aprender, transformar, agir. É um eterno começar.
Hoje, começamos de novo.